sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Em defesa de Sortelha da Holanda chega-nos uma opinião a considerar

Só jornalista de uma revista turística holandês e escritor de guias turísticas sobre Portugal para o mercado holandês e belga. Queria exprimir a minha preocupação com o desenvolvimento da energia eólico em Portugal. Peço desculpa pelo meu fraco português.

Em primeiro lugar queria expressar a grande admiração pela vossa rejeição da energia nuclear e o grande esforço que o seu país faz para o desenvolvimento das energias renováveis (de ondas, solar e também eólica). Porém a minha preocupação tem a ver com a maneira que a energia eólica e implementada no seu país.

Portugal tem algums parques naturais, areas protegidas de beleza excepcional no contexto europeu. São paisagems que os Ingleses chamam: “areas of outstanding natural beauty”. Também há algumas paisagems de cultura que são de grande beleza. Neste caso as aldeias históricas como Sortelha, Castelo Mendo e Castelo Novo.

Embora sabendo que os vantagems econômicos dum parque eólico para comunidades rurais podem ser significante, sempre tem que ser comparada com a eventual perda de outros rendimentos: nesse caso o turismo. Uma paisagem mais industrial e menos natural e rural mostra-se muito menos interessante para turistas, especialmente os que vem dos paises extrangeiros. A minha grande preocupação é que o meio rural do norte de Portugal vai perder oportunidades de desenvolver estes fontes de rendimento. No meu pais por exemplo há muitas pessoas que por causa disso ja acham feio a paisagem em grandes partes do norte e centro de Portugal.

Acho muito dificil compreender porque os Portugueses deixam destruir a sua belissima herança natural e paisagístico tão facilmente. A energia eólica, enquanto jogando um papel considerável no desenvolvimento da energia renovável, nunca vai ser a única solução. Uma solução muito cara e totalmente dependente de subsídios (i.c. a União Europeia). As consequências para a paisagem, a nutureza e por esse meio também para as communidades rurais, são todavia irreversíveis. Penso que para as futuras generações a existência de alguma paisagem (seja natural ou cultural) não ou só pouco afectada vai mostrar quase tão importante como a energia sustentável.

Roel Klein
Holanda

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

SORTELHA: ALDEIA MEDIEVAL QUASE DESERTA



Desde a Idade Média que existem parques de diversões. Estes espaços têm levado as pessoas ao longo dos tempos a viverem momentos únicos de diversão, por vezes viajando até mundos longínquos do passado ou imaginários.  Os parques temáticos normalmente oferecem passeios excitantes e espectáculos tranquilos, comida, doçaria e tudo aquilo que possamos desejar para desfrutar de um dia que nos faça esquecer a rotina diária e apenas pensemos na diversão.
   Por estes dias, alguns jornais noticiaram que o Sabugal pode vir a acolher um Parque Temático Medieval. A ideia do presidente da Câmara do Sabugal é atrair para esta região um parque com atracção internacional  e segundo António Robalo, «a ideia seria instalar um parque de diversões que atraísse gente de todo o mundo, um parque que apostasse na divulgação e reinvenção da Lusitânia e dos seus habitantes, com Viriato e Sertório à cabeça», revelou em Junho de 2008 ao Blog Capeiaarraiana.
   A ideia parece não estar esquecida e há dias voltou a falar-se e segundo noticia o jornal Terras da Beira, o Presidente António Robalo confirmou a «intenção de um promotor», mas que não revela a sua identidade, em avançar com o tal projecto e António Robalo só fará declarações quando as coisas estiverem tudo          « preto no branco».
   Como podemos observar pelo vídeo acima, a ideia não é nova e já está concretizada em vários países e com vários Parques Medievais. Investimentos desta natureza requerem muito capital, terrenos, recursos humanos com formação adequada, infraestruturas de alojamento, de restauração, comércio, acessos rodoviários, etc. . Sonhar é verdade que não nos custa dinheiro, felizmente. Pensar grande e levar esses sonhos até à realidade já temos que dispor de muito dinheiro e toda a vontade.
   Quanto ao tema escolhido sobre a Idade Média, com o exemplo que temos na aldeia histórica de Sortelha, uma aldeia medieval, que está a ser severamente mal enquadrada no seu valor histórico, patrimonial e cultural por quem sonha com diversões medievais, devia começar já a olhar de outra forma para esse maravilhoso parque temático que é a Aldeia Histórica de Sortelha.
   Espero que esse «promotor» não se chame António G. Reis.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

domingo, 26 de dezembro de 2010

A VERDADE INCONVENIENTE

  
    Apresento-vos um desafio: o castelo é o mesmo em ambas as fotografias. Qual delas é que nos revela a realidade actual?
                                                        Autor: João Mesquita

Castelo de Sortelha ( Aldeia Histórica )



Autor: Kim Tomé

domingo, 19 de dezembro de 2010

LÁ FORA FAZ FRIO


«A democracia transformou-se num jogo de interesses em que os partidos ( apesar de serem indispensáveis numa democracia) sofrem de uma doença grave ( clientelismo ) mas que tem tratamento, e em que os médicos somos nós, os eleitores.
   Explico melhor a minha ideia:
1.       Um desonesto que queira governar-se filia-se num partido com o “cheiro” de progredir nem que seja como “lambe-botas” do “chefe”. Aí, na sua terra, você deve conhecer muitos deste grupo, que assim ganham a vida, normalmente em departamentos de qualquer Ministério; são uma espécie de “boys” em miniatura, que quando crescerem vão para Administradores da Galp, da Edp, da Mota-Engil, do Metro, da P.T.,etc..
2.       Um desempregado que não consiga emprego, mas tenha habilidade na língua, filia-se num partido, “lambe” as botas ao “chefe”, e assim conquista emprego para si e para os familiares. Mas se a sorte não o estiver a ajudar muda de partido ( por exemplo o bondoso Sócrates mudou do PSD para o PS., mas há casos inversos).
3.       Um advogado que queira alargar o seu leque de influências, estar próximo do poder e daí extrair lucros fabulosos ( por exemplo a vender a elaboração de leis ao governo através da sua sociedade de advogados ) inscreve-se num partido. Exemplos não dou porque é o que mais há, bastando ter os olhos abertos.
4.       Um empresário que queira dominar o mercado da sua actividade sabe que precisa de pôr travão a que a Assembleia da República elabore leis que o estorvem  de fazer o que quer. E, pelo contrário, precisa de garantir que ali sejam aprovadas leis que o favoreçam. Por isso, o empresário ( ou o seu advogado ) lá está no partido; exemplos também não faltam, é só puxar pela cabeça…
5.       Um tipo vaidoso que tem desejos de protagonismo mas não passa de um cidadão desconhecido, inscreve-se num partido; exemplos também não faltam, tanto ao nível de autarcas, como de deputados, ministros e presidentes da república.
6.       Um tipo muito honrado e altruísta que queira sacrificar-se pelo bem de todos, não se mete num partido, porque aí só tem hipóteses de fazer o que lhe permitem os mafiosos do partido, que já lá estão instalados e em maioria, porque são provenientes dos grupos 1,2,3,4 e 5.

Analise muito bem e seja honesto consigo próprio: a maior parte dos militantes partidários que você conhece são oriundos dos grupos 1,2,3,4 e 5. Eles, tal e qual como os melhores vigaristas, não trazem um rótulo na testa dizendo aquilo que o são, e treta não lhes falta, e por isso enganam. Os exemplos do grupo 6 são raros.
 Verifique quem são os tipos mais destacados dos partidos: são senhores engenheiros e senhores doutores ( nem que sejam por Universidades rascas, com cadeiras feitas ao Domingo ) que ao longo dos últimos anos se fartaram de se auto-elogiarem. Nos debates televisivos e nas entrevistas dizem sempre bem das suas próprias políticas, e o actual primeiro-ministro até tem sonhos cor de rosa…No entanto, arrastaram o País para a miséria; contudo esses engenheiros e doutores não estão na miséria, antes pelo contrário…
Dizia eu que é uma doença curável. Como é que é curável? É que se trata de uma doença que só se alimenta dos nossos votos; portanto, se lhe cortarmos os alimentos, que são os votos, mata-se a doença».
Autor: Alguém que escreveu estas palavras em duas folhas de papel e que por esquecimento ou talvez não, as deixou em cima de uma cadeira de uma sala de espera de um estabelecimento público. Li e aqui estão para quem quiser ler e reflectir.

Um Morto na construção das eólicas em Sortelha.

Um morto em construção de parque eólico ilegal no Sabugal.
Na passada 5ª feira durante a construção de um parque eólico ilegal no concelho do Sabugal, morreu um trabalhador.
Este parque eólico foi licenciado de forma ilegal pela câmara do Sabugal e foi alvo de contestação por destruir a paisagem envolvente da aldeia histórica de Sortelha.
Parece que facto de o parque estar licenciado de forma ilegal está a ser razão para ocultar e manter fora dos canais de informação esta morte ocorrida na passada 5ª feira.
Se fosse em Lisboa ou no Porto seria manchete de primeira pagina como é no interior que interessa se a obra é ilegal e se morre alguém nessa obra....

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

SORTELHA: RESTA O GRITO DAS PEDRAS

«Clamo pela necessidade de definirmos uma visão de futuro para o concelho, sem a qual não poderemos orientar o sistema para o modelo de sociedade que queiramos construir. O Sabugal, Sortelha em particular, está no limiar de uma viragem, ou se afunda e perde a pouca soberania que lhe resta, ou muda de paradigma para se regenerar».

VEMOS OUVIMOS E NÃO PODEMOS CALAR:
SORTELHA MEDIEVAL
NUNCA MAIS VAI SER IGUAL

Fotos de João Mesquita, arquitecto
(Novembro 2010)

SORTELHA E A INTRUSÃO VISUAL


"INTRUSÃO VISUAL é a designação técnica de um fenómeno de todos conhecido no dia a dia, e que contribui para o progressivo e acelerado desfigurar das cidades e dos campos...

Mais do que definir-se por palavras a INTRUSÃO VISUAL vê-se. E sente-se como um desconforto... Uma mancha que interfere no equilíbrio e beleza das paisagens."

Vem isto a propósito dos aero-geradores que invadem a envolvente próxima de Sortelha.

Não são palavras minhas (mas gostava que fossem): tirei-as de um opúsculo da Direcção-Geral do Ordenamento do Território e Desenvolvimento Urbano, de 1990,... com texto de José Domingues Alvarez.

E diz mais, o opúsculo da DGOTDU:

"A degradação e o caos do território não são fatalidades a que nos tenhamos de habituar. Antes pelo contrário... E em todo o mundo civilizado se conta com o bom senso das populações, técnicos e autarcas. ......

Mas por vezes as regras não se cumprem, ou então facilita-se a sua interpretação e aplicação. Argumentando com dificuldades de ordem técnica, raramente insuperáveis, ou visões estritamente economicistas, e a curto prazo. ...

É antes do mais um problema de civismo. E de educação cívica a longo prazo."

Sábias palavras. Emanadas de quem tem o dever de nos tutelar e proteger. Mas que, em muitos casos (como neste), teimam em permanecer letra morta...

Autor: João Mesquita, arquitecto